Pude acompanhar um dos dias do congresso realizado na FACHA e promovido pela Rádio Tupi há alguns meses atrás. Na mesa, Marcos Roza, Maria Augusta, Julio Cesar Farias, Gustavo Melo e Milton Cunha. O tema era baseado em enredos e o que mais se usou como referência foram notas e justificativas dos jurados deste quesito em 2010.
Uma das coisas que mais me chamou atenção, foi a quantidade de vezes que as reclamações dos convidados iam parar num denominador comum: A escola que tem uma bandeira com mais "peso" quando perde ponto, ganha um 9.9. Quando a escola de bandeira com um "peso" menor desliza, recebe um sonoro 9.1.
Tá, é verdade.
Mas foi então, que lembrei de Unidos do Porto da Pedra e União da Ilha do Governador.
Vou usar esses dois exemplos para tentar mostrar que o problema poderia muito bem ser resolvido por essas próprias escolas. As com menos "peso".
O que falta para essas escolas lembrarem, que se estão no Grupo Especial são tão importante quanto as outras? Reclamavam que a televisão (leia-se TV Globo) não transmitia as primeiras escolas por causa de novelas e do Fantástico. Há anos isso mudou. Então todas devem valer o mesmo. Principalmente para os jurados.
Mas vamos ver o porque que a culpa pode estar na síndrome de vira-lata dessas (e outras) escolas:
A Porto da Pedra ganhou a simpatia de todo o mundo do samba em 1996. Via-se na agremiação de São Gonçalo um imenso potencial de crescimento. Chegou chamando atenção. Logo na estréia no Grupo Especial fez um "Carnaval dos Carnavais" cumpriu seu sonho de permanecer na elite e conquistou um surpreendente e honroso nono lugar. Detalhe: Eram dezoito as escolas concorrendo em 96.
No ano seguinte a apoteose. "No Reino da Folia, cada Louco com a sua Mania" e a escola encanta a Marquês de Sapucaí conquistando uma vaga no Desfile das Campeãs. Mais um detalhe: Na época, apenas cinco escolas retornavam no sábado seguinte.
Mesmo no revés a Escola surpreendeu. Em 97 veio a queda. Com um enredo bastante criticado é rebaixada. Mas ao contrário das co-irmãs com maior "peso" de bandeira como Império Serrano, União da Ilha, Vila Isabel e Viradouro retornou logo no ano seguinte ao Especial. Novo detalhe: Duas vezes. Caiu em 98 subiu em 99. Caiu em 2000 e subiu em 2001.
Vamos dar um tempo por aqui e mudarmos para a Ilha.
"A segunda escola de todos" se reergue para a alegria de todas as pessoas que gostam de samba. Nunca conquistou um título mas isso nunca foi problema para a Tricolor Insulana. Sempre sendo uma das mais comentadas por seus desfiles irreverentes e divertidos e seus sambas antológicos na boca do povo.
Na pior fase, é rebaixada em virtude de um desfile desastrado, em 2001, mesmo tendo mais um sambaço.
Mas ao contrário da Porto da Pedra amargou oito anos no Grupo de Acesso A retornando em 2010.
E como as pessoas estavam mais felizes no Carnaval de 2010. A Ilha tinha voltado! "Ô, a União Voltou" se escutava em todos os lados. Que carisma!
Mas assustou. Fizeram uma fusão de samba, em um enredo patrocinado pela Espanha, sendo a primeira a desfilar. Tinha tudo para retornar ao Acesso.
Mas era a União da Ilha do Governador.
A Escola fez um desfile lindo e sem grandes falhas. Rosa Magalhães brinda o público com a história de Dom Quixote De La Mancha para corrigir um possível enredo "CEP". O samba deu muito certo e foi um dos mais cantados pelas arquibancadas.
Era a ressurreição!
"Ô, a União Ficou".
A partir de agora é só pra cima.
E veio o incêndio...
A escola não tinha fantasias para seus componentes desfilarem. Tudo queimado no trágico incêndio na Cidade do Samba um mês antes do Carnaval. As alegorias se salvaram quase todas. A única destruída foi recuperada a tempo do desfile.
A comunidade estava com mais vontade do que nunca e a Ilha fez um dos melhores desfiles de 2011. Incrível, né? Não para a Ilha. Mas de nada valeu para os jurados. A Escola não estava concorrendo devido ao incêndio que destruiu as fantasias.
Mas "fantasia" é apenas um quesito entre dez apurados. Porque não competiu?
Tem especialistas que afirmam que se a escola estivesse na disputa poderia até conseguir uma vaga no Desfile da Campeãs devido a erros grosseiros de outras escolas como o atraso do Salgueiro.
Mas é aqui que retornamos ao assunto que motivou este post: O presidente da Ilha (que é muito competente, diga-se de passagem) errou! Ao chegar à Cidade do Samba foi o primeiro a gritar que não poderia haver rebaixamento.
Ora, eu concordo em não ter havido rebaixamento mas se ninguém ia cair porque não disputar?
Dizem também que o presidente da Portela na reunião realizada na mesma noite foi voto vencido. Na opinião dele haveria disputa sem rebaixamento. Se ele foi voto vencido, Ney Filardis votou a favor de que sua escola não disputasse o Carnaval 2010. Mas porque não?
A Ilha deixou de fazer história. Imaginem só: "Depois de ter o barracão queimado, Ilha retorna ao Desfile das Campeãs". Imaginem a comunidade.
Faltou ousadia, faltou pensar grande.
Mas não me esqueci da Porto da Pedra.
Depois de ser sempre a primeira a ser procurada para trocar a posição de desfile após os sorteios, por gostar de desfilar cedo, a Escola resolve "bancar" a aposta e desfilar como a penúltima escola na avenida na segunda de Carnaval. No horário nobre, entre a emoção da Grande Rio, vitima do incêndio, e da ansiedade pela chegada do "Rei" na Beija-Flor. A arquibancada fervia. O enredo era ótimo. Era a hora da afirmação! Era a hora do Tigre rugir mais alto!
Foi um desfile fraco, tímido, quase constrangido de estar em um lugar que parecia não pertencer a eles. Sentiu a pressão. Faltou ousadia. Faltou pensar grande.
Entenderam porque usei essas duas escolas como exemplo?
Quero que os torcedores da Ilha e da Porto da Pedra entendam que citei essas como poderia citar tantas outras. Se falo isso é porque estou sempre esperando mais. E sei que podem ser mais do que eternas coadjuvantes brigando pra não cair.
Ta na hora de acordar. Caem duas em 2012.
Gostaria de em fevereiro voltar a ver aqueles sorrisos de 97 e 2010. Eram belíssimos!
Aquele Abraço
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